Uma coisa inédita e outra coisa muito recorrente aconteceram nesta semana. Na quarta-feira (12), 2.411 mulheres assinaram um abaixo-assinado em defesa da repórter PatrÃcia Campos Mello, que sofreu ataques mentirosos.
Começou com uma fonte de sua reportagem dizendo que ela tentou seduzi-lo para conseguir informações. Depois, veio o comentário do filho do presidente da República afirmando que não duvida que a jornalista da Folha tenha se “insinuado sexualmente” em troca de informações. E daà surgiu uma avalanche de acusações infundadas sobre a conduta da jornalista na sua apuração.
Acusar uma repórter de “seduzir” uma fonte infelizmente é prática comum no meio do jornalismo. O que não era comum âaté terça (11)â era ver mulheres se unindo para defendê-la publicamente. Foram quase 2.500 assinaturas, e seriam ainda mais se o documento ainda estivesse circulando.
Não vi uma jornalista sequer se recusando a demonstrar apoio à PatrÃcia nem se abstendo de se manifestar contra os ataques machistas que ela sofreu ao longo dos últimos dias. Essa união de mulheres é inédita, é forte âe é irreversÃvel.
Poderia contar aqui dezenas de casos que vivi ou que ouvi sobre mulheres no jornalismo esportivo tendo suas apurações questionadas por homens (na maioria das vezes) que sempre usaram o mesmo argumento: “como ela conseguiu isso? Com certeza deu para alguém”. E daà começavam os boatos para difamar o trabalho dessas jornalistas.
Uma colega de profissão contou que uma vez deu uma notÃcia de bastidor sobre um clube de futebol e, quando um setorista daquele clube foi questionado pelo chefe sobre por que ele não tinha essa informação, a resposta foi: “ela usa de recursos que eu não tenho”. Todo mundo entendeu sobre quais recursos ele estava falando. Quando, na verdade, a única coisa que talvez faltasse a ele âe a ela sobrasseâ era a competência.
Para evitar isso, todas nós tomamos cuidados na profissão qu