A ficha básica dos quase 500 árbitros e assistentes vinculados à CBF (Confederação Brasileira de Futebol) tem o item “profissão”. O campo, quando não está em branco, é preenchido com ocupações como “corretor de seguros”, “professor” e “funcionário público”.

Para muitos deles, é esse trabalho declarado na ficha que tem sido a salvação. No entanto, para muitos outros, que dependiam exclusivamente da atuação como juiz ou bandeirinha, vem sendo mais difícil o momento atual, com os torneios suspensos por causa da pandemia do novo coronavírus.

Há diferenças enormes nas realidades dos árbitros, sobretudo entre os que atuam na elite do futebol brasileiro e aqueles que apitam em divisões inferiores ou mesmo em campeonatos amadores. Todos, porém, foram afetados pela interrupção das competições.

A razão é simples: não há vínculo empregatício e, portanto, não há salário. O pagamento é feito por partida trabalhada. E, sem jogos nos quais trabalhar, não há dinheiro.

“Alguns, no alto nível, ainda têm alguma reserva. Agora, aqueles que ainda estão tentando se firmar e optaram por viver exclusivamente da arbitragem estão sofrendo e estão preocupados. Porque já começa a faltar para pagar as contas”, afirmou o experiente juiz Marcelo Aparecido Ribeiro de Souza, 47, que se vê em situação tranquila na comparação com a de vários de seus colegas.

“Nossa preocupação é com quem está nas camadas inferiores da arbitragem, com quem está no escalão intermediário. A gente até propôs ajudar quem está em dificuldade, porque não sabemos quanto tempo vai durar esta situação. É preocupante”, acrescentou Souza.

Diante desse cenário, a Anaf (Associação Nacional de Árbitros de Futebol) pediu ajuda à CBF, que topou apenas fazer um adiantamento, anunciado na última quarta-feira (1º). Cada juiz e assistente filiado à confederação vai receber o valor referente a um jogo, que será abatido do pagamento no momento em que eles voltarem a trabalhar.

O número é baseado no maior cachê recebido em 2019. No último Campeonato Brasileiro, árbitros do quadro da Fifa ou listados como másteres ganhavam R$ 5.000 por jogo da Série A. Juízes sem essa qualificação levavam R$ 3.600. Para os bandeiras, a variação era de R$ 2.160 a R$ 3.000.

As cifras são bem menores nas divisões inferiores. E, embora o adiantamento seja útil, particularmente àqueles em situação de maior necessidade entre os 486 beneficiados, o ato não foi visto, por muitos árbitros, como um grande gesto de generosidade da CBF.

O auxílio terá um custo de cerca de R$ 900 mil. Ele foi anunciado apenas 15 dias depois de a CBF divulgar seu balanço financeiro de 2019, com receita recorde de R$ 957 milhões e superavit de R$ 190 milhões. O ativo total da CBF, ao fim do último ano, era de R$ 1,248 bilhão.

Esses números, bastante celebrados pelo presidente Rogério Caboclo, foram lembrados pelos juízes que torceram o nariz para a ajuda. Eles preferiram não gravar entrevista ou ser identificados,

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