Os executivos do RB Leipzig já acostumaram aos protestos há muito tempo. Alguns impressionam: os torcedores mais ardorosos do Union Berlin se vestiram de plástico preto e fizeram completo silêncio nos primeiros 15 minutos do jogo entre os dois times.

Alguns parecem mesquinhos: o Borussia Dortmund ainda se recusa a exibir o escudo do Leipzig quando o time joga no Signal Iduna Park. E ocasionalmente eles são um tanto sanguinolentos: os torcedores do Dynamo Dresden certa vez receberam o RB Leipzig jogando uma cabeça decepada de touro no gramado.

Ninguém no clube, portanto, teria se surpreendido com o surgimento de uma faixa criticando Dieter Mateschitz, bilionário fundador do RB Leipzig e da empresa que o patrocina, a Red Bull, nas arquibancadas, durante um jogo com o Schalke 04, em 2017.

Mateschitz havia criticado o governo da Alemanha, pouco antes, por sua decisão de abrir as fronteiras do país a refugiados da guerra na Síria, e uma rede de televisão controlada pela Red Bull havia adquirido a reputação de servir como plataforma a figuras políticas populistas, tanto na Alemanha quanto na Áustria. “O patrão do clube mais autoritário se define como pluralista”, a faixa dizia. “Que piada.”

O que tornou a demonstração digna de atenção não foi a presença da faixa –nos 10 anos de sua ascensão da quinta divisão, regional, do futebol alemão para as semifinais da Champions League, o clube recebeu críticas muito piores—, mas sua localização.

Ela não estava sendo erguida pela torcida do time da casa. Em lugar disso, era trabalho dos torcedores “ultras” do RB Leipzig.

Fora da Alemanha, seria tentador ver o Leipzig como o azarão combativo na primeira semifinal da Champions League, nesta terça-feira (18).

Afinal, seu adversário, o Paris Saint-Germain, é pouco mais que um projeto de vaidade do governo do Qatar, um time de futebol cooptado por um país ávido por desenvolver seu poder brando e talvez maquiar um pouco seu histórico desfavorável quanto aos direitos humanos.

Por outro lado, no sentido esportivo há muita coisa a admirar na equipe dirigida por Julian Nagelsmann: o treinador jovem e inventivo; a dedicação a jogar futebol ofensivo; a dedicação ao desenvolvimento de talentos; as práticas inteligentes e produtivas de recrutamento.

O fato de que o time seja propriedade da Red Bull pode parecer meio cafona, mas, para as pessoas de fora da Bundesliga, a estrutura de controle do time nada tem de extraordinário.

Para a maioria dos torcedores da Alemanha, porém, especialmente os membros das torcidas “organizadas” –um termo que abarca turmas de arruaceiros, facções extremistas, grupos de interesse, ativistas progressistas e, de fato, organizações de torcedores–, a existência mesma do RB Leipzig é uma afronta a tudo em que eles acreditam.

O propósito primário do clube, na forma pela qual eles veem, não é jogar futebol ou representar uma comunidade, mas ampliar a visibilidade da marca Red Bull.

A organização toda,

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