MyKayla Skinner, ginasta da equipe nacional dos Estados Unidos, estava batalhando para concluir sua série de exercÃcios.
Na quinta-feira (26) passada, ela tentava concentrar sua atenção no aparelho, mas nenhum de seus saltos, manobras ou aterragens parecia funcionar direito. Tudo que ela era queria era voltar para casa e chorar embaixo das cobertas. Lágrimas escorriam de seus olhos.
Seus treinadores, disse Skinner mais tarde, achavam que ela havia chorado porque o treino tinha sido ruim. Mas Skinner, que foi reserva da equipe americana na OlimpÃada de 2016 e está treinando para os Jogos OlÃmpicos de Tóquio, disse que o problema era outro.
âPercebi de repente que até recentemente eu tinha só cinco meses de batalha antes da OlimpÃada, e agora a linha de chegada ficou tão mais longeâ, disse Skinner em entrevista por telefone na quinta-feira, falando do adiamento dos Jogos para o ano que vem. âFoi uma sensação devastadoraâ.
Skinner é um dos milhares de atletas olÃmpicos, ou aspirantes a isso âentre os quais Simone Biles, a ginasta mais vencedora da históriaâ que estão ansiosos com a mudança no calendário, que desordenou suas vidas muito regimentadas. Se acrescentarmos a isso o estresse adicional do surto do coronavÃrus, não admira que o Comitê OlÃmpico e ParalÃmpico dos Estados Unidos tenha enviado recomendações aos treinadores sobre como ajudar os atletas a lidar com a situação.
A primeira dica é: âSó a pessoa que sente uma dor sabe o quanto ela dóiâ, porque o adiamento despertou sentimentos profundos nos atletas que vinham se aperfeiçoando para competir na OlimpÃada, que estava marcada para a metade deste ano.
O adiamento dos Jogos foi especialmente difÃcil para as ginastas, considerando que a janela que elas têm para o sucesso olÃmpico é minúscula. A maioria das ginastas olÃmpicas são adolescentes que competem em apenas uma olimpÃada antes que seus corpos amadureçam, levando-as a ganhar peso e altura, que tornam mais difÃceis as acrobacias de seu esporte.
Elas também começam muito cedo no esporte, muito mais cedo do que seus colegas homens, e com isso seus corpos não suportam o esforço acumulado e terminam por falhar. Faz 48 anos que uma ginasta de mais de 19 anos de idade recebeu o ouro olÃmpico na individual geral de ginástica pela última vez.
Assim, teria sido significativo se Biles, a face da equipe americana no caminho para Tóquio, tivesse podido defender seu ouro olÃmpico na categoria individual geral este ano. Ela tem 23 anos, e chorou no vestiário ao ser informada do adiamento.
âAinda estou tentando lidar com a coisa um dia de cada vez, para ver se vou continuar, ou o que vai acontecerâ, disse Biles na quarta-feira, em entrevista por telefone de sua casa, perto de Houston. âMentalmente, não sei se consigo encarar. Vai ser difÃcil. Eu já estava brigando comigo mesma, mentalmente, para determinar se aguentaria competir este anoâ.
Biles disse que seu plano era encerrar a carreira na ginástica este ano,