No esporte de alto rendimento, costuma-se trabalhar com o conceito de competição-alvo. Em resumo, toda a preparação do atleta é feita para que ele atinja o ápice de seu rendimento em determinado campeonato.

No caso da Olimpíada, a disputa é mais do que a competição-alvo de uma temporada. É a meta de todo um ciclo de quatro anos, e a mudança no cronograma dos Jogos de Tóquio está fazendo treinadores do mundo inteiro ajustarem seus planos.

Não que o adiamento tenha sido considerado uma decisão ruim. Parece haver um consenso no apoio à alteração nas datas dos torneios olímpicos, que seriam realizados de 22 de julho a 9 de agosto de 2020 e passaram para o período de 23 de julho a 8 de agosto de 2021.

De qualquer maneira, a modificação, decorrente da pandemia do novo coronavírus, exige adaptações. E essas adequações são complicadas pelo fato de a grande maioria dos atletas estar em situação de isolamento, bem longe das condições ideais para treinamento.

“É uma situação nova para todos”, afirma Nelio Moura, bicampeão olímpico no salto em distância, em 2008, como treinador da brasileira Maurren Maggi e do panamenho Irving Saladino. “A gente precisa reorganizar o ciclo anual. Acho que é possível fazer isso.”

Para Moura, que agora trabalha com atletas do Pinheiros e também com representantes de China e Uruguai, o adiamento em um ano vai tornar a tarefa menos complicada. Na visão dele, caso as disputas fossem realizadas no fim de 2020 ou no início de 2021, os resultados seriam comprometidos.

“Se os Jogos Olímpicos fossem neste ano, isso prejudicaria muito a competição”, concorda Felipe de Siqueira, técnico da equipe brasileira no revezamento 4 x 100 m e de Alison dos Santos, que obteve índice olímpico e é esperança de medalha nos 400 m com barreiras.

“Agora, precisa ser definido o calendário. Claro, primeiro é preciso resolver a questão da saúde no mundo para que possa se retomar a vida normal. Aí, é preciso definir o calendário. Se ficar postergando e jogar tudo para o fim do ano, pode atrapalhar a preparação”, acrescenta Siqueira.

Ele se refere às provas anteriores à Olimpíada no cronograma do atletismo internacional, mas sua lógica se aplica a outros esportes, como a natação e a canoagem. Enquanto não houver mínima normalidade, não será possível planejar com precisão o trabalho pelo auge em Tóquio.

O cenário é tão atípico que existe a preocupação de que os Jogos de 2021 apresentem um nível mais baixo. Não é nisso que apostam os técnicos, confiantes de que haverá tempo para uma boa preparação, porém o período atual de inatividade pode ter consequências.

“É possível que aconteça, mas eu acredito que não. Dá tempo de estar preparado, de estar em alta performance e de conseguir resultados excelentes lá”, diz Renan Valdiero, que, entre outros atletas, trabalha com Gabriel Constantino, classificado para Tóquio nos 110 m com barreiras.

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