A história do mural do Arsenal deslizou, com o passar dos anos, mais para a posição de mito do que de história. Detalhes que deveriam ser simples de averiguar se tornaram nebulosos, e relatos apócrifos predominam.

Algum tempo atrás, a maioria das pessoas relegaria a questão aos recessos da memória: uma forma de conhecimento irrelevante, uma curiosidade ociosa que remonta aos primeiros anos da era do futebol moderno na Inglaterra. Mas à medida que o esporte começa a se redefinir na era do distanciamento social e da justiça social, ela voltou a adquirir relevância.

Em todo o mundo, times e ligas estão estudando maneiras de fazer com que partidas realizadas em estádios imensos e vazios sejam mais atraentes em termos visuais, na esperança de reter algum vestígio do senso de espetáculo sobre o qual seus setores foram construídos.

As tentativas iniciais incluem entrevistas coletivas via Zoom na Dinamarca, montagens de vídeo na Alemanha, batuque robotizado na Tailândia e bonecas de fonte escusa na Coreia do Sul. A Premier League –que deve retomar seus jogos em 17 de junho– propôs mostrar as “reações ao vivo” dos torcedores em telões e ocultar os assentos vazios com faixas gigantescas.

Mas embora todos esses pareçam ser os primeiros e hesitantes passos rumo a um novo mundo que não agrada a ninguém, a situação não é novidade –não exatamente.

Há 28 anos, o Arsenal teve de abordar exatamente o mesmo problema, de um ângulo substancialmente diferente. A resposta que o clube encontrou pode oferecer alguma inspiração, quase três décadas mais tarde, mas também serve como uma espécie de alerta.

Um dia antes da partida de abertura da temporada de futebol de 1992 –e da primeira rodada de jogos na história da Premier League, que acabava de ser criada—, os jogadores do Arsenal se reuniram no estádio histórico do time em Highbury para um último treino. E não foi uma situação tão familiar quanto poderia parecer.

Um extremo do estádio, o North Bank (arquibancada norte), que tradicionalmente abrigava 15 mil dos mais ardorosos torcedores do Arsenal, estava oculta por trás de um imenso mural, que se estendia por quase toda a largura do campo.

O clube havia demolido a velha arquibancada, na pausa de verão, e uma nova estrutura, na qual os torcedores poderiam assistir ao jogo sentados, estava sendo construída. Mas ao menos inicialmente, o North Bank era um emaranhado de guindastes, tapumes e cimento.

O mural foi ideia do então vice-presidente executivo do Arsenal, David Dein. Ele era conhecido como um dirigente visionário –foi por ordem dele que o Highbury se tornou o primeiro estádio da Inglaterra a instalar telões– e estava ansioso por encontrar uma maneira de “camuflar” o canteiro de obras.

Dein contratou um estúdio de design, o January, e o estúdio encarregou um de seus artistas, Mike Ibbison, do projeto.

Ibbison fez um esboço a lápis, com cerca de um metro de largura,

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