A convocação dos vinte clubes da Série A, para discutir mudança da legislação e a possibilidade de criar uma linha de crédito para quem virar empresa, dividiu os dirigentes na quarta-feira (8). Só dez times estiveram representados e, entre eles, quem julga a transformação do modelo societário uma piada.
Como você já leu aqui, virar sociedade anônima não vai produzir o milagre dos tÃtulos nacionais e internacionais. Só um vai vencer cada campeonato. Mas está óbvio há décadas que o modelo polÃtico em que dirigentes têm domÃnio sobre um grupo de conselheiros despreparados já fez água.
Há mais polÃtica do que trabalho, mais espuma do que conteúdo. Contratam-se jogadores por repercussão, demitem-se treinadores por pressão.
Com o atraso da gestão, há casos relatados de investidores internacionais mais interessados em se associar a clubes da Colômbia do que do Brasil. Tem de mudar.
Ao saber da convocação da Frente Parlamentar do Esporte para que os vinte clubes da Série A discutissem a mudança de legislação, o presidente da Câmara Federal, Rodrigo Maia, disse: âNão estou sabendo da reunião, mas julgo que temos de tratar disso.â
Maia caminha com o projeto de lei do clube-empresa do deputado Pedro Paulo (DEM-RJ). Pode não ser o ideal, mas o Congresso tem demonstrado mais preocupação do que os dirigentes de clubes, quando se fala em transformar o futebol numa indústria capaz de ampliar sua participação na economia do paÃs.
Hoje, são 370 mil empregos gerados direta ou indiretamente pelo futebol. No ano passado, Flamengo 5 x 0 Grêmio teve 20% dos ingressos comprados por turistas. Representa gente trabalhando em hotéis, táxis, Uber, restaurantes, vendas de passagens aéreas e de ônibus.
Uma parte do que o futebol ajuda a economia formalâ e informal âexplicitou-se durante o confinamento. Como toda crise gera oportunidade, a que parece mais clara neste momento é que a necessidade de dinheiro ajude a produzir a mudança.
Até mesmo os clubes que fogem da ideia do clube empre