“Travessia” provavelmente torna Walter Casagrande Júnior, 57, o jogador com o maior número de autobiografias do futebol brasileiro. A parceria com o jornalista e escritor Gilvan Ribeiro começou em 2013, com “Casagrande e seus Demônios”, e continuou três anos depois, com “Sócrates & Casagrande – uma história de amor”.

O primeiro falava da vida de Casagrande como jogador, dependência química e recuperação. O segundo abordava a convivência com Sócrates, que ele considerou seu grande parceiro dentro de campo e amigo fora dele, com idas e vindas até a morte do meia, em 2011.

“Travessia”, lançado neste mês pela Globo Livros, se propõe a passar uma mensagem para dependentes químicos. Algo que o próprio Casão, como é chamado pelos amigos, ainda considera ser, já que ressalta estar em recuperação.

“Dedico este livro a todos os dependentes químicos, principalmente os da Cracolândia, vítimas do descaso do poder público na recuperação deles”, escreve Casagrande na dedicatória da obra. É a frase que resume o propósito de escrever uma terceira biografia.

A ideia da dupla é contar como tem sido a vida do atual comentarista da Globo desde 2015, quando se internou voluntariamente em uma clínica. É o ano que considera seu marco zero de estar livre de todas as drogas. Inclusive do álcool, que ele se permitia consumir mesmo quando estava em recuperação de entorpecentes, como cocaína e heroína.

Segundo o centroavante da seleção no Mundial de 1986, a ideia de contar seus últimos cinco anos surgiu ao retornar ao Brasil da Copa da Rússia. Foi quando percebeu a repercussão do comentário feito por ele após a final entre França e Croácia.

Emocionado e com a voz embargada, disse que aquele tinha sido o torneio mais importante de sua vida porque tinha prometido a si mesmo viajar “limpo” e voltar para casa “limpo”. Aquilo havia acontecido. A declaração comoveu também o narrador Galvão Bueno.

Em 314 páginas, Casagrande e Gilvan Ribeiro desfiam as aflições de alguém em recuperação de uma dependência química. As aflições, as dificuldades de relacionamento com mulheres, os medos e o processo da retomada do afeto dos filhos.

Nenhum dos 18 capítulos de “Travessia” chama tanto a atenção quanto o terceiro e o quarto, chamados de “Demônios, o confronto final” e “Jesus na veia”.

Embora fale sobre o tema em “Casagrande e seus Demônios”, ele não mergulha de forma tão profunda no tema quanto nessas 26 páginas em que relat

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