Há uma frase recorrente que a cada jogo de times brasileiros contra os de fora causa até irritação: âO Inter é muito superior ao time da Universidad de Chileâ. Ou: âO Corinthians é claramente melhor que Guaranà paraguaioâ. E, ainda: âA seleção brasileira sub-23 não tem por que temer a colombianaâ.
AÃ, o Colorado empata 0 a 0 com os andinos, que jogaram boa parte do segundo tempo com dez jogadores. O Timão (?) perde por 1 a 0 para os paraguaios. A seleçãozinha empata em 1 a 1 com os colombianos.
Pode um time ser âmuito superiorâ ao outro e apenas empatar com ele, com um jogador a menos, e sem gols? E perder, pela terceira vez em cinco anos, apesar de ser âclaramente melhorâ?
Ou empatar, depois de sair atrás, mesmo âsem ter motivo para se preocupar com o adversárioâ?
Prestem atenção, a rara leitora e o raro leitor, mas a mania brasileira do auto-engano está passando, no futebol, de qualquer limite. A única superioridade de fato de nossos clubes sobre a esmagadora maioria dos rivais sul-americanos está na capacidade de investimento e no patrimônio, ressalvado o Flamengo, de fato em outro patamar.
Porque taticamente, em regra, nossos treinadores são surpreendidos pelos adversários e tecnicamente há equilÃbrio entre os jogadores, tanto que os importamos aos magotes. Foi o que vimos na segunda-feira (3), no Pré-OlÃmpico, e tanto na terça (4) quanto na quarta (5), na pré-Libertadores.
Tudo bem que a seleçãozinha está sub-representada porque nela poderiam estar Gabriel Jesus, do Manchester City, Richarlison, do Everton, Rodrygo e Vinicius Júnior, do Real Madrid, Renan Lodi, do Atlético de Madrid, Gabriel Martinelli, do Arsenal, e não estão porque a CBF não tem mais força para trazê-los, só tem para curvar clubes como o Corinthians e o São Paulo, que cederam Pedrinho, Antony e Igor Gomes.
O que se discute aqui não é se estamos com força máxima ou não, mas a ideia falsa vendida