Tem quem diga que é só um jogo, mas o futebol pode ajudar muito a entender a loucura que vivemos nessa pandemia de coronavÃrus no Brasil.
Nosso paÃs está como um time na luta contra o rebaixamento em meio a uma crise de bastidores que repercute todos os dias na imprensa e dificulta as chances de recuperação.
Na véspera do jogo decisivo, o capitão do time vai para a balada (padaria) e enche a cara (limpa o nariz e cumprimenta idosos). O técnico é quem tem que dar as explicações. Na primeira, na segunda ou na terceira vez, ele vai dizer o padrão, que o time está unido, todos contra o mesmo adversário (coronavÃrus) em busca dos três pontos (sobreviver). Só que na quarta vez ele fala a verdade. O time não está mais unido.
Na imprensa, as manchetes estampam a crise, os pontos (vidas) perdidos, o caos se instaurando, enquanto os bastidores pegam fogo. Um tenta discutir a estratégia para vencer a próxima partida, o outro quer atenção.
No fim, o técnico já tinha caÃdo antes de efetivamente cair, e o substituto, claro, vai jogar com outro esquema. Vai seguir as ordens do capitão e respeitar a âhierarquiaâ. E segue o jogo até o adversário nos lembrar que subestimá-lo é uma ousadia que custa caro. Outros fizeram isso e foram surpreendidos pela velocidade de ataque dele, que, em tão pouco tempo, já disparou no placar nos impondo 140 mil derrotas. Foram 140 mil vidas perdidas no mundo todo até agora.
Mas o capitão insiste em dizer que ânão é tudo issoâ. Que perder algumas partidas (âalguns vão morrerâ) faz parte e que nosso time (âo brasileiroâ) precisa ser estudado, porque ele não cai (ânão pega nada, o cara pula em esgoto e não acontece nada com eleâ). O risco do rebaixamento só aumenta, enquanto o lÃder da equipe diz que âele já está passandoâ.
No futebol, a gente sempre diz que existe um roteiro para um clube seguir até ser rebaixado âe ele raramente falha. Troca de técnicos, time rachado, péssi