No momento em que o governo federal discute a regulamentação das apostas online no futebol brasileiro, a Polícia Civil de São Paulo investiga, atualmente, nove casos de suspeitas de manipulação de resultados para favorecer apostadores.

As apurações, no entanto, avançam lentamente. Segundo o delegado César Saad, da Delegacia de Repressão aos Delitos de Intolerância Esportiva (Drade), os aliciadores têm agido nas divisões inferiores ou de base do Campeonato Paulista, em que há pouca visibilidade e baixos salários para os envolvidos nas partidas.

Um dos nove casos em apuração foi originado no confronto entre São Bernardo e Red Bull Brasil pelo Campeonato Paulista Sub-20, no último dia 4 de outubro, quando um aliciador entrou em contato com o árbitro Willer Fulgêncio dos Santos e ofereceu R$ 3 mil para que ele apontasse 14 escanteios.

Santos denunciou a proposta para a Comissão de Arbitragem da Federação Paulista de Futebol (FPF) e trabalhou normalmente na partida.

Na maioria dos casos, as propostas são endereçadas a jogadores, membros da comissão técnica e dirigentes.

Em setembro do ano passado, o Batatais foi punido com uma suspensão de 240 dias e o pagamento de R$ 70 mil de multa, conforme decisão do Tribunal de Justiça Desportiva de São Paulo, após jogadores do clube terem admitido envolvimento em manipulação de resultados na Série A-3.

A agremiação do interior paulista conseguiu efeito suspensivo para disputar a mesma divisão do estadual neste ano. Nesse caso, a investigação também encontra dificuldades para avançar na Justiça comum.

Manipular resultados, no Brasil, passou a ser crime a partir de 2010, com a inclusão de um novo artigo na Lei do Estatuto do Torcedor, com pena de dois a seis anos de reclusão. Mas até hoje ninguém recebeu uma punição criminal por esse motivo no país.

A única grande operação depois da sanção da lei foi a chamada Game Over, deflagrada em 2016 e que tramita no Fórum Criminal da Barra Funda desde dezembro de 2015. Até hoje, os nove acusados não foram a julgamento.

À frente do caso Game Over, o juiz Ulisses Pascolati Junior, do Tribunal de Justiça de São Paulo, disse à Folha que há dificuldades para colher depoimentos das testemunhas dos nove acusados. â€œSão muitos réus, cada qual com direito a nove testemunhas de defesa. São oitivas em todo o Brasil, aí já viu a dificuldade de cada região”, afirmou.

Há casos em que o oficial de justiça não conseguiu proceder a intimação porque a possível testemunha não residia mais no local.

Em março do ano passado, um oficial foi até o endereço de uma das testemunhas de defesa e, conforme informou ao juiz, deixou de intimá-la por conta de o endereço estar “localizado em área de alta periculosidade, denominada Balanço da Jaqueira, com diversas bocas de fumo e integrantes de facções criminosas”, conforme consta nos autos do processo no qual a reportagem teve acesso.

O Balanço da Jaqueira é uma favela em São João do Meriti,

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