Apesar das incertezas e do futuro após o coronavÃrus, existe uma esperança, que é mais um desejo, de que o Brasil e o mundo se tornem melhores, menos desiguais, egoÃstas e mais solidários, decentes.
A falta de uma visão mais humana e coletiva ocorre também no futebol, fora e dentro de campo. Uma das razões da queda de qualidade do futebol brasileiro é a excessiva valorização do individualismo, do drible e dos meias e atacantes habilidosos, em detrimento do conjunto, da técnica e do passe, sÃmbolo do jogo coletivo. O passe e o drible, no momento certo, são essenciais e se completam.
A adoração pelos meias habilidosos e individualistas tem a ver com a divisão que houve no meio-campo e que persiste até hoje, entre os volantes que marcam e os meias que atacam.
Com isso, diminuÃram, no Brasil, os craques meio-campistas, que jogam de uma intermediária à outra, organizadores, pensadores, como Didi, Gérson, Falcão, Cerezo, Xavi, Iniesta, Kroos, De Bruyne, Pogba e outros. Há décadas que o Brasil não forma um craque mundial com essas caracterÃsticas.
O futebol brasileiro, fora e dentro de campo, seguiu o modelo egoÃsta da sociedade, da radicalização (é ótimo ou péssimo), do jogo de interesses, da proteção aos amigos, do desejo de levar vantagem em tudo, o que não tem nada a ver com Gérson, que era em campo o sÃmbolo do futebol coletivo.
Ao ver vários jogos de seleções brasileiras do passado, tive a percepção de que os times campeões foram melhores do que eu pensava, incluindo o de 1970. Fiquei mais bonzinho ou minha visão atual é diferente, mais técnica e tática, sem a emoção daqueles momentos?
Qual foi superior, a seleção de 1958 ou a de 1970? Há dúvidas. Pelé, o único que jogou nas duas, disse, certa vez, que a de 1958 foi melhor. Ele e outros devem se basear, principalmente, na qualidade individual, pois a de 1958 tinha Pelé e Garrincha, os dois maiores da história do futebol brasileiro.