Não cheguei agora de outro planeta e respeito o calendário gregoriano, aquele mesmo promulgado por Sua Santidade, o papa Gregório 13, em 1582, e prontamente adotado pelos paÃses católicos europeus.
Tornou-se referência global para demarcar o ano civil, e desde então sabemos exatamente a ordem dos dias, semanas e anos, inclusive os anos bissextos, como é este. Dizem que o tempo é preciso, então os calendários também deveriam sê-lo.
Muito bem. Tudo isso para dizer que, neste último dia de fevereiro, celebro o inÃcio de mais um ano, porque um outro dado desprezado pelo papa Gregório determina o movimento dessa terra que fica do lado de baixo do Equador.
Acabado o Carnaval, contamos agora com a rotina básica para fazer o ano acontecer, muito embora ocorreram fatos nesses dois primeiros meses que já seriam suficientes para determinar o fim de uma era e o inÃcio de novos bons tempos.
O marco deste ano esportivo é sem dúvida a realização dos Jogos OlÃmpicos de Tóquio. Celebrados como a primeira edição olÃmpica pós agenda 20+20, Tóquio promete muitas novidades com o consagrado padrão de qualidade nipônico. O planejamento exemplar aponta para a quase perfeição. Arenas já estão prontas há meses e têm sido palco de eventos-teste, como deve ser. Há simulações que vão de controle de tráfego a evacuação em caso de acidentes naturais, como um terremoto.
Mas parece que os deuses do Olimpo querem mesmo testar esses seres imperfeitos e falÃveis, afinal a perfeição e a imortalidade não foram feitas para os humanos.
Nem mesmo o mais pessimista dos organizadores poderia contar com um tipo de vida que não se enxerga a olho nu, mas que pode nocautear o melhor dos sumotoris ou dos pesos pesados da luta olÃmpica.
O coronavÃrus ronda os Jogos OlÃmpicos.
Isso quer dizer que a competição mais celebrada do mundo, mais ansiada pelos atletas e de maior visibilidade planetária corre o risco de ser desfigurada por uma força microscópica, destituÃda de consciência ou intenção. Que mundo curioso esse onde