Os planos dos clubes para a próxima janela de transferências deveriam estar prontos. Os compradores teriam seus objetivos identificados ou acordos fechados. Os vendedores esperariam pelo dinheiro que, na maioria das vezes, serviria para evitar que o balanço fique no vermelho. O que é muito comum no Brasil.

Essa perspectiva ficou no passado. Especialistas ouvidos pela Folha afirmam que a pandemia de coronavírus pode ter mudado de maneira irremediável o mercado do futebol.

“Havia uma bolha [nos valores das transferências] e ela ia estourar a qualquer momento. Estourou da pior maneira possível. Ouço jogadores, clubes e agentes falando ‘ah, quando as coisas voltarem ao normal…’. Esquece. Nada será como antes. O futebol não será o que foi no passado. Esta é uma crise sem precedentes”, afirma Marcos Motta, advogado especializado em direito esportivo internacional e que tem como clientes alguns dos maiores empresários do esporte mundial.

O futebol está parado desde março por causa do vírus. Dirigentes de times de todos os continentes estão desesperados para que os jogos retornem, mesmo que com portões fechados. Isso por causa do dinheiro. A multinacional de auditoria KPMG estima que as cinco principais ligas nacionais da Europa (Alemanha, Espanha, Inglaterra, Itália e França) vão perder US$ 4,33 bilhões (R$ 22,3 bilhões) se a temporada não for finalizada dentro de campo.

Apenas a Premier League, dona dos contratos de televisionamento mais lucrativos do planeta, teria de pagar multa de quase US$ 900 milhões (R$ 4,63 bilhões).

“Eu não acredito que veremos durante algum tempo transferências de 100 ou 150 milhões de euros. Os negócios vão continuar acontecendo, mas em um patamar menor. Retomar o mercado do futebol vai depender de muito trabalho e criatividade”, disse, por meio de sua assessoria de imprensa, Giuliano Bertolucci, o agente brasileiro com melhor relação nos principais clubes do Velho Continente.

A janela europeia, que sempre movimenta mais dinheiro, estava programada para abrir em 1º de julho e ficaria assim (em quase todos os países) até 31 de agosto. No ano passado, ela movimentou US$ 6 bilhões (R$ 31 bilhões na cotação atual) nas mesmas cinco principais ligas do continente, segundo estudo da Deloitte Sports Business.

Este assunto gera suspense por causa da doença. Não se sabe quando vai abrir ou se isso acontecerá. A Fifa deixou aberta às associações nacionais a possibilidade de estenderem os vínculos dos atletas com suas equipes.

Alemanha e Inglaterra descartaram encerrar a temporada por decisão administrativa, sem os resultados em campo. A Bundesliga planeja retornar em maio, apoiada em princípio no sistema de teste de coronavírus em massa na população adotado pelo governo do país. A Premier League acredita que isso será possível no Campeonato Inglês apenas em junho, na melhor das hipóteses.

A indefinição e a crise financeira estão também no Brasil, onde há a mesma determinação para jogar, nem que seja com portões fechados. A Globo ainda não pagou a última parcela dos direitos de transmissão dos principais estaduais.

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