No último dia 14, a Folha noticiou, em seu acervo diário de 50 anos atrás: âTostão sente irritação no olho e deixa treino da seleçãoâ.
Dr. Roberto Abdala Moura, que tinha operado meu olho esquerdo em setembro de 1969, foi, a pedido da comissão técnica, de Houston, nos Estados Unidos, a Guanajuato, no México, onde se concentrava o time brasileiro. Ele me examinou, falou que o problema era externo, uma conjuntivite, que, aos poucos, desapareceria a vermelhidão no olho e que eu poderia treinar e jogar o Mundial.
Convidado pela CBF, Dr. Roberto chegava às vésperas onde estávamos concentrados, me examinava, conversávamos, assistia às partidas da seleção e voltava aos Estados Unidos.
Apesar da afirmação contundente do médico, notei uma preocupação, compreensiva, da comissão técnica. Dias antes da divulgação da lista final dos que jogariam a Copa, disse a eles que eu estava pronto para jogar, mas que entenderia se decidissem pela minha dispensa. Eles me falaram que confiavam nas palavras do médico e que eu estaria no Mundial. Devia ter ficado calado. Quis ser mais realista que a realidade, mais honesto que a honestidade e corri o risco de ser cortado.
No dia 17 de maio de 1970, o Brasil fez um jogo amistoso contra o Deportivo León, do México. Ganhamos por 5 a 2, dois gols de Pelé, um de Rivellino, um de Paulo César Caju e um meu. Até aquele momento, Zagallo tinha dúvida sobre quem seria o titular na Copa.
Fui escolhido para o amistoso. Antes da partida, o técnico me disse que queria que eu jogasse à frente de Jairzinho e Pelé, sem ter de voltar para receber a bola, diferentemente do fiz no Cruzeiro e nas Eliminatórias, com João Saldanha. Disse a Zagallo: âNão há problema. Vou jogar como Evaldo, do Cruzeiroâ.
No último dia 18, a Folha deu em seu acervo: âApesar de errar muito, a seleção brasileira goleou o time mexicanoâ. Minha lembrança da partida, que não é muito