Mario Jorge Lobo Zagallo, então técnico da seleção brasileira de futebol, ficou desolado ao ver o gramado da Universidade de Guanajuato em 8 de maio de 1970.

A 26 dias da estreia da equipe no Mundial do México, o gramado que deveria ser usado na reta final da preparação estava cheio de buracos mesmo após a CBD (Confederação Brasileira de Desportos, antecessora da CBF) ter pago pela reforma do campo.

A comissão técnica concluiu que seria impossível utilizá-lo para treinos coletivos. “Isso aqui é o fim do mundo”, disse o administrador José de Almeida, integrante da delegação.

Com população de 65 mil pessoas no começo daquela década, a cidade, a 2.000 metros de altitude, serviria como base do período da adaptação para o ar mais rarefeito da capital do país, a Cidade do México (2.250 metros), onde aconteceria a final.

“Era um lugar calmo. Mas calmo demais. Fomos bem recebidos pelas pessoas e funcionários do hotel. Mas não havia nada o que fazer. Todo mundo ficou entediado”, afirma Wilson Piazza, que atuou no torneio como zagueiro.

Ele se refere ao Hotel Parador San Javier, com seus muros altos, portões de ferro e isolamento total. A não ser nos horários dos treinos ou das refeições, as únicas distrações dos atletas eram partidas de tênis de mesa, baralho e voleibol. Por causa das condições do campo na universidade, os treinos com bola foram transferidos para Leon, o que provocava viagens de 80 km diárias entre ida e volta.

Zagallo chegou a dizer à imprensa que seria melhor se preparar para a altitude em Toluca ou na Cidade do México e culpou a comissão técnica anterior, comandada por João Saldanha, pela escolha de Guanajuato. Pressionado pelos dirigentes da CBD, afirmou no dia seguinte que a cidade era agradável.

“O problema é que realmente era tudo muito parado. Antes a gente estava em Guadalajara. Não saíamos do hotel, mas era um lugar mais movimentado, havia gente no hotel”, relembra o atacante Jairzinho, que se transformaria em titular com a contusão de Rogério, o favorito de Zagallo, e faria gol em todas as partidas da Copa.

Rogério virou outra preocupação em Guanajuato. Quando ficou claro que teria problemas para se recuperar de lesão na coxa antes da estreia contra a Tchecoslovária, em 3 de junho, ele começou a se deprimir. Chegou a pedir para voltar ao Brasil. Para animá-lo, o treinador pediu que observasse os futuros adversários e tirasse fotos de seus posicionamentos.

Funcionários do hotel disseram aos jornalistas da época que o mais tranquilo dos jogadores brasileiros com o sossego de Guanajuato era Pelé. Segundo eles, o camisa 10 passava hora

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