Fazer um gol decisivo nos acréscimos do segundo tempo é, para qualquer jogador, um feito considerável.
Arrancar o empate quando a partida já parecia perdida ou, até melhor, mandar para as redes um chute ou cabeceio que resulte no gol da vitória, é um momento marcante, de glória, para o futebolista.
Isso é frequente? Nem sempre.
Explico: o gol nos acréscimos, apesar de não ser visto em todo jogo, não é uma escassez no futebol; quase toda rodada de qualquer campeonato, no Brasil ou mundo afora, tem gol(s) no tempo extra do segundo tempo.
Só que nem sempre esse gol é relevante. Pode ou não ser. E, se não for, perde sua importância.
Um exemplo: um time está ganhando (por qualquer placar) e faz mais um gol – isso em nada afeta o resultado (vitória).
Outro exemplo: um time está perdendo por 2 a 0 e marca o chamado “gol de honra” –fica menos feio, mas o resultado (derrota) é o mesmo.
Era exatamente o que estava para acontecer em Everton x Newcastle, pela 24ª rodada da Premier League (o Campeonato Inglês), na terça-feira (21).
Atuando em casa, em Liverpool, o Everton ganhava por 2 a 0, gols de Moise Kean e Calvert-Lewin, até o fim do tempo regulamentar.
A partir daí, o árbitro Simon Hooper começou a contabilizar o tempo extra.
Os acréscimos no segundo tempo geralmente vão de três a quatro minutos, às vezes mais, quase nunca menos, a depender do número de substituições feitas nessa etapa (nesse confronto foram seis) e das paralisações para o atendimento de jogadores.
Um dos atletas que veio da reserva foi o zagueiro Florian Lejeune, do Newscastle, substituindo aos 25 minutos o também zagueiro Ciaran Clark, que tinha recebido cartão amarelo minutos antes.
O francês fez a parte dele na defesa, impedindo que o Everton ampliasse a vantagem, e, nos acréscimos, quando o visitante tentava evitar perder de zero, avançou para tentar algo na bola parada.
Improvável dar certo, pois ele não é um zagueiro-artilheiro, à la Sergio Ramos (Real Madrid), tendo marcado pela última vez no fim de janeiro de 2017, quando ainda defendia o Eibar, da Espanha.
Às favas para o improvável.
Lejeune (20) festeja com companheiros de Newscastle ao término do jogo com o Everton, no estádio Goodison Park, em Liverpool (Jason Cairnduff – 21.jan.2020/Reuters)
Eram 48 minutos do segundo tempo quando, depois de escanteio alçado na área do Everton, a redonda sobrou alta, na pequena área, às costas de Lejeune.
O camisa 20 não teve dúvida e, em lance acrobático, deu uma meia-bicicleta. Seu arrojo foi recompensado, e a bola parou nas redes de Pickford, goleiro titular da seleção da Inglaterra.
E seria isso, tão somente mais um gol de honra nos acréscimos entre tantos e tantos outros que aconteceram –tanto que Lejeune nem comemorou,