Preparar-se como se a Olimpíada de Tóquio fosse acontecer amanhã. Esse é um mantra repetido pelos atletas brasileiros, que tentam não se deixar afetar pela pandemia do coronavírus.

O surto da doença já cancelou torneios preparatórios para o evento, alterou o sistema de classificação de modalidades e a todo momento suspende ou adia novas competições, além de pôr em xeque a própria realização dos Jogos na data originalmente programada, a partir de 24 de julho.

A carateca Valéria Kumizaki, 34, que ainda busca uma vaga na categoria até 55 kg, sempre pensou que, com a entrada do esporte no programa olímpico de 2020, faria parte de uma experiência “mágica”.

“Eu pensava que, como o caratê é novo, depois que tivesse participado dos Jogos, eles [os organizadores] iriam olhar com outros olhos, porque é um esporte maravilhoso. Mas agora, com esse problema do coronavírus, temos até dúvida se vai ter ou não Olimpíada. A preocupação é real, não sei como vai ficar”, desabafou Valéria.

Apesar de estrear nos Jogos de Tóquio, o esporte já não estará presente na edição de Paris-2024. Portanto, a chance dela é praticamente única.

Valéria teve que alterar sua programação diversas vezes e respondeu às perguntas da reportagem diretamente da Sérvia, onde estava treinando após o cancelamento de um torneio do qual participaria no Marrocos.

Seu sonho de disputar uma Olimpíada depende do resultado do torneio pré-olímpico, na França, marcado para maio, mas que ainda pode ser alterado.

“Existem atletas mais velhos, ou que precisam das competições para poder tentar a vaga, são muitas variáveis que podem afetar. Se eles focarem nisso, param tudo. Pode afetar emocionalmente. O foco é no trabalho, naquilo que eles têm que fazer nos treinos”, diz Nell Salgado, coach esportiva que acompanha a carateca.

Entre os atletas, é praticamente uníssono o discurso de que, mentalmente, para fugir da agonia e da frustração com os imprevistos, eles devem se concentrar naquilo que está sob seu controle. As adversidades, sejam elas quais forem, valem para todos. Não adianta sofrer por antecipação.

“Penso que esse surto é algo que foge do meu alcance de resolver. Meu papel é continuar trabalhando dentro das condições em que nos encontramos”, diz Icaro Miguel, 24, do taekwondo.

Ele, Milena Titoneli, 21, e Netinho, 22, conquistaram a vaga em Tóquio no pré-olímpico da Costa Rica, realizado nos últimos dias 11 e 12, em meio a um turbilhão provocado pelo cancelamento de vários eventos esportivos no mundo. As lutas foram realizadas sem a presença de público.

Gestor de alto rendimento da Confederação Brasileira de Judô, Ney Wilson cita como exemplo o caso de um atleta que, logo após desembarcar em outro país, foi informado do cancelamento da competição para a qual havia viajado.

Ele relata que os imprevistos, além de causarem prejuízo técnico e frustração, tem aumentado os gastos da confederação com hotéis e hospedagens.

A Federação Internacional de Judô,

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