A lÃngua portuguesa é pródiga em encantos e mistérios. Sonora, poética, esbanja sinônimos e figuras de linguagem.
O âhâ no inÃcio de uma palavra parece detalhe a conferir charme ao que vem depois. âSeoâ Hilário, meu pai, tinha sérias crÃticas em relação a isso e costumava dizer que ele era cheio de graça, sim, mas hilariante era demais.
O que dizer então dos âsâ e âcâ, terror de todos os jovens em fase de letramento. Bendito sejam os corretores automáticos da atualidade, que nos impedem de continuar errando.
Fato é que, se alguns olhos acusam fácil e rapidamente o erro, ouvidos pouco atentos ou marotos levam a brincar com as palavras homófonas, aquelas que apresentam a mesma fonética, porém com escrita e significado diferentes. Cela ou sela? Sinto ou cinto?
De todas as palavras capciosas, com duplo sentido fonético, que conheço, nenhuma é mais perigosa do que cem e sem. Enquanto sem indica falta, ausência, coisa alguma, cem é um numeral que representa uma centena. Da ausência ao cem é nada ou tudo. Sem história, sem teto, sem tÃtulo. Cem anos, um século. E quantas coisas podem acontecer nesse lapso temporal chamado de século.
Neste domingo, 2 de agosto, o Brasil comemora seu centenário olÃmpico, iniciado com a participação em Antuérpia: 18 atletas, todos homens. Que história! E como os começos nesta terra parecem sempre épicos, o marco olÃmpico brasileiro não poderia ser diferente. Foi uma estreia digna de filme, com desencontros, atos heroicos, incertezas e medalhas.
Naquele pós-guerra, a Europa encontrava-se devastada por um conflito nunca visto anteriormente. A competição em Antuérpia seria uma oportunidade singular para que a proposta de paz de Pierre de Coubertin fosse colocada em prática.
Em 1920, os Jogos OlÃmpicos ainda se firmavam como um grande evento, de caráter internacional, que se propunha a atar a união entre os povos e, naquele momento histórico, promover a paz abalada pela 1ª G