A lembrança de Francis Lee, 76, quando fala sobre a derrota da Inglaterra para o Brasil na Copa de 1970 é a da decepção. Não pelo resultado em si, que não desanimou nenhum jogador britânico. O desapontamento dele foi por ter sido substituído antes dos 20 minutos do segundo tempo.

“Depois de uns 60 minutos de jogo, Alf [Ramsey, técnico da seleção] me tirou para colocar Jeff Astley. Não entendi por que fez aquilo. Eu me sentia bem em campo, não estava cansado e tenho certeza que jogava bem. Jeff teve uma grande chance para empatar, mas a desperdiçou. Se eu estivesse lá, acredito que teria marcado e, quem sabe, as coisas seriam diferentes”, afirma o atacante, que na época atuava pelo Manchester City.

No dia 7 de junho de 1970, no que é considerada uma das maiores partidas da história do futebol, o Brasil venceu a Inglaterra por 1 a 0 pela segunda rodada do Grupo 3.

O gol de Jairzinho classificou a seleção brasileira para as quartas de final por antecipação. Os ingleses foram obrigados a vencer a Tchecoslováquia no jogo seguinte. Isso aconteceu graças a uma cobrança de pênalti de Allan Clarke.

As imagens que ficaram na história do confronto em Guadalajara foram todas de ataques do Brasil. A finalização forte de Jairzinho, Tostão enfiando a bola pelo meio das pernas de Bobby Moore no início da jogada do gol e a defesa de Gordon Banks na cabeçada de Pelé, provavelmente a mais famosa no futebol em todos os tempos.

São lembranças que escondem o fato de a Inglaterra ter feito um confronto equilibrado e criado oportunidades. Essa é a opinião que Banks e Bobby Charlton expõem em suas biografias e é corroborada por Francis Lee para a Folha.

“Nós poderíamos ter vencido. Muitos falam da defesa de Gordon [Banks], mas nós tivemos chances também. Foi o melhor jogo em que eu já estive envolvido. Eram duas equipes no auge mostrando um grande futebol”, afirma.

Segundo Lee, a estratégia montada por Ramsey funcionou no primeiro tempo, apesar do empate em 0 a 0. O atacante era lançado em velocidade nas costas de Brito, zagueiro brasileiro considerado mais lento, e levou vantagem na maioria das jogadas. A tática foi enterrada com a entrada de Astle, centroavante forte no jogo aéreo.

Nenhum inglês estava triste ou cabisbaixo no vestiário após a derrota. A visão de Lee e de outros atletas era que a partida diante dos brasileiros havia sido apenas um aperitivo. Eles voltariam a se encontrar e seria na final da Copa de 1970. “Tínhamos certeza disso e de que a história poderia ser diferente”, confirma.

A revanche não aconteceu. O Brasil terminou em primeiro na chave e fez as quartas de final diante do Peru a caminho do título. A Inglaterra teve de enfrentar a Alemanha. Vencia por 2 a 0 durante o segundo tempo, mas levou a virada e foi eliminada por 3 a 2.

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