João Saldanha escreveu assim sua coluna no jornal O Globo de 8 de junho de 1970, um dia depois da vitória sobre a Inglaterra, na Copa do México: âGrande vitória do Brasil… Foi uma jogada de gênio de Tostão pela esquerda, a Pelé, que entregou de bandeja a Jair. Desta vez, Banks, o melhor goleiro do mundo, nada pôde fazer.â
Técnico da seleção brasileira até março de 1970, sua coluna durante a cobertura do tricampeonato mundial é uma lição de profissionalismo e generosidade. Demitido em março de 1970, Saldanha analisou e elogiou o Brasil do tri, como comentarista sério e isento.
Seu filho, João, diz no livro âJoão Saldanha â Uma Vida em Jogoâ (Companhia Editora Nacional, André Iki Siqueira, 2007) que seu pai se relacionava com Zagallo com admiração e respeito: âFoi uma pessoa que o papai, como treinador do Botafogo, também conheceu como jogadorâ, lembra.
Jornalista não tem o direito de usar o veÃculo onde trabalha para elogiar amigos e detratar inimigos. Saldanha não elogiou Zagallo por respeitá-lo, nem o criticou por ficar com seu cargo.
à um equÃvoco dizer que João Saldanha foi um comentarista que virou técnico. A ordem das coisas não é bem assim.
Era diretor do Botafogo em 1957 e assumiu o posto de técnico interinamente depois da demissão de Geninho, durante uma excursão ao Norte e Nordeste. Fixou-se no cargo, foi campeão carioca naquele ano e permaneceu até dezembro de 1959.
No ano seguinte, aceitou o convite de Ãdson Leite para trabalhar como comentarista da Rádio Guanabara. Antes, em 1959, ainda treinador do Botafogo, comentou o Campeonato Sul-Americano de Buenos Aires como convidado da rádio Nacional. O sucesso na nova profissão levou-o à seleção, em 1969.
Também não é totalmente correto atribuir apenas à ditadura militar sua demissão por ser comunista. Houve uma série de episódios que se somaram a isso.
Uma discussão ácida com o técnico inglês Alf Ramsey num debate na BBC, em Londres, uma derrota para a Argentina e um empate num jogo-tr