Durante mais de um século, atletas fizeram o espetáculo esportivo se transformar na atração de maior alcance do planeta. Não há quem não se encante em assistir a movimentos corporais precisos, perfeitos, quase divinos.
Compreendendo a extensão desse fenômeno, há décadas passei a defender que os atletas são o maior legado dos Jogos OlÃmpicos, não os estádios, a infraestrutura da cidade ou o afluxo de turistas. Sem atletas não há esporte.
Mas parece que a compreensão institucional caminha em outra direção. O negócio esporte vem em primeiro lugar. Para tanto, impedem a circulação de sÃmbolos preciosos ao esporte, cobram fortunas impagáveis para uso da imagem de atletas em filmes, documentários ou publicações e ainda determinam que toda e qualquer ação dos protagonistas seja cercada, impedindo assim a comunicação espontânea de quem faz o esporte.
Afirmo categoricamente que esse âcuidadoâ é apenas e tão somente exploração. Houvesse mesmo cuidado, o COI já teria sido categórico em determinar que os atletas deveriam se recolher e respeitar a quarentena que todos os cidadãos do mundo estão sendo chamados a praticar.
A menos que esteja sendo preparada uma surpresa, levando os Jogos OlÃmpicos para Marte ou outro planeta, protegendo assim a galinha dos ovos de ouro âa saber, não os atletas, mas o espetáculo realizado por eles.
A miopia dos dirigentes coloca em risco um dos valores olÃmpicos: a igualdade. Quando alguns têm acesso a treinos e preparação e outros não, esse princÃpio cai por terra, desmerecendo todos os resultados alcançados na competição.
Em condições normais, estarÃamos em plena época de seletivas, pré-olÃmpicos, disputas por vagas preciosas e repescagens porque, logo mais, em julho, a chama olÃmpica chegaria ao estádio de Tóquio e com ela seriam inaugurados os Jogos da 32ª OlÃmpiada da Era Moderna.
Entretanto, atletas, técnicos e comissões fazem parte de um sistema social afeitos às mazelas do lugar e do g