A principal razão de a decisão do Paulista ter sido chata, insossa e com baixÃssimo nÃvel técnico foi o medo de perder. Não pense que a razão é a atual geração de jogadores não ter coragem para tentar uma jogada diferente. Isso se ouve desde que Leônidas da Silva era comentarista.
Enquanto 22 caranguejos davam passes para trás em Itaquera, Everton Cebolinha driblava, cruzava e festejava na Arena, em Porto Alegre. Fez de tudo no Gre-Nal. Só não se comportou como um robozinho. Então, não é a geração.
O fato de o Gre-Nal ter sido bem jogado, contraponto do dérbi do medo, também afasta qualquer chance de atribuir a ruindade de Itaquera à paralisação de 127 dias. Mesmo que isso também faça parte do cardápio, em menor escala.
Apesar dos exageros e dos clichês, é sempre bem-vindo o debate sobre o nÃvel técnico, especialmente na véspera da decisão paulista e do inÃcio de um imprevisÃvel Campeonato Brasileiro.
Em São Paulo, o dérbi de sábado (8) terá o medo de perder como ingrediente novamente. Vanderlei Luxemburgo dirá que isso não pode tirar a vontade de vencer.
A imprevisibilidade do Brasileiro deve-se principalmente à decisão de Jorge Jesus aceitar a proposta do Benfica. O Flamengo segue como grande favorito para seu oitavo troféu, mas seu alto nÃvel dependerá do sucesso do espanhol Domènec Torrent.
DiscÃpulo de Guardiola, tem diferenças filosóficas com Jorge Jesus e pretende implantá-las a médio prazo. à adepto do âjogo de posiçãoâ, expressão repetida exaustivamente e que vira um labirinto para o público se não houver explicações.
Os conceitos são passes curtos até encontrar um homem livre. Amplitude, com jogadores abertos e próximos às linhas laterais, para abrir a defesa contrária. Homem livre atrás da linha de marcação adversária, que pressiona a bola. Triangulações para produzir superioridade numérica.
Tudo isso se assemelha ao que Jorge Jesus faz, mas o ataque do português é chamado âfuncionalâ, em que o craque procura a bola, não âposicionalâ, em que a bola vai ao jogador.
Em sÃntese,