Na tarde de 16 de julho de 1950, Dagoberto Fontes foi um dos tantos uruguaios que tomaram as ruas do país para celebrar a conquista do título mundial sobre o Brasil, que entrou para a história como o “Maracanazo”.

Com apenas sete anos de idade e de família pobre, ele recolhia as informações sobre a Copa do Mundo das conversas entre os adultos e dos poucos aparelhos de rádio perto de sua casa na cidade de Maldonado, a duas horas da capital Montevidéu.

“Foi algo extraordinário, o Uruguai inteiro festejava. Não tínhamos nem rádio nessa época. Passamos o Mundial jogando futebol”, conta Fontes, sete décadas depois, à Folha.

A muitos quilômetros dali, na também pacata Bauru, interior de São Paulo, Edson Arantes do Nascimento viu seu pai, Dondinho, chorar pela primeira vez diante do rádio, desolado com a derrota brasileira. “Um dia vou ganhar a Copa do Mundo para o senhor”, prometeu o pequeno Edson, que tinha nove anos na época.

O garoto, que ganhou o mundo como Pelé, não só cumpriu a promessa feita ao pai como levantou três vezes a taça de campeão mundial. Mas foi só em 1970 que o camisa 10 da seleção brasileira pôde, enfim, devolver aos uruguaios parte da dor sentida por Dondinho e outros tantos que choraram com a perda do título no Maracanã.

Há 50 anos, em 17 de junho de 1970, Brasil e Uruguai se enfrentaram pela semifinal da Copa do Mundo do México, no estádio Jalisco, em Guadalajara.

Dagoberto Fontes, 20 anos depois de celebrar o Maracanazo, fazia parte do elenco da Celeste que havia vencido nas quartas de final a União Soviética, por 1 a 0, com direito a prorrogação sob o sol escaldante do estádio Azteca, na Cidade do México.

O chaveamento determinava que os vencedores dos confrontos de Brasil x Peru e Uruguai x União Soviética se enfrentariam na capital do país. O Brasil, portanto, teria de deixar Guadalajara e viajar para a Cidade do México. Mas o plano sofreu uma alteração de última hora e os uruguaios foram obrigados a se deslocar para a sede brasileira.

“Vencemos a União Soviética e chegamos em Puebla, que era nossa base, por volta de 1h da manhã. Juntamos todos os nossos pertences em um quarto, colocamos as malas, isso já era 2h, 3h. De repente, nos chamam no dia seguinte e avisam que tínhamos que viajar à Cidade do México e depois a Guadalajara”, diz Fontes, que até hoje acha estranha a mudança de sede na prévia da partida.

“Chegamos a Guadalajara [no dia 17], ficamos no hotel umas três horas, por aí, e à tarde já tivemos que jogar contra o Brasil. Por isso digo que foi estranho. Essas coisas acontecem com o Uruguai. Stanley Rous, presidente da Fifa, tinha bronca contra o Uruguai por causa do Mundial de 1930. Nunca quis que o primeiro Mundial fosse no nosso país”,

 » Read More

Login

Welcome to WriteUpCafe Community

Join our community to engage with fellow bloggers and increase the visibility of your blog.
Join WriteUpCafe