âQuando tudo isso passarâ talvez seja a frase que mais ouvimos ao longo dos quase quatro meses de pandemia do coronavÃrus. No Brasil, porém, vivemos uma situação peculiar, divididos entre as pessoas que esperam ansiosamente isso acontecer e aquelas para quem âtudo issoâ nunca existiu.
Talvez sejamos o único paÃs do mundo que reúna shoppings a pleno vapor, bola rolando e âopen barâ de aglomerações enquanto mais de mil mortes são registradas diariamente pela Covid-19. Em uma coisa, a esposa do engenheiro civil formado do Rio de Janeiro tem razão: cidadão, não (somos). O conceito de cidadania, afinal, implica o conjunto de direitos e deveres que cada um de nós tem perante a sociedade.
O âcidadão de bemâ acha que tem direito a receber auxÃlio emergencial mesmo não precisando, porque âpaga impostosâ, mas não entende seu dever de cumprir as regras sanitárias mais básicas para preservar vidas na pandemia. Enquanto isso, esperamos que tudo um dia passe mesmo porque, se a Covid-19 já nos tirou tantas vidas, esse vÃrus do egoÃsmo tem matado o que resta da nossa esperança. à triste viver em uma sociedade que não entende seu significado mais genuÃno: eu sou, porque nós somos. Sem o outro, sua existência é irrelevante.
Sigo esperando o ânovo normalâ que nos disseram que viria enquanto acompanho nas ruas a velha normalidade voltando com ares de alÃvio e chopes de celebração. Coitado do brasileiro do Leblon, que ficou três meses sem poder pagar R$ 10 em cada chope nos seus bares de estimação, onde costumava deixar mensalmente na conta da cerveja os R$ 600 que os garçons de lá estão lutando para conseguir de pagamento no auxÃlio emergencial. O que passou, quando a gente vê tudo isso? âSóâ 65 mil vidas que se foram.
Na quarta-feira (8) tem futebol. Final da Taça Rio, Fla-Flu no Maracanã. Não dá para ver no estádio (por enquanto), mas dá para ver no bar. à bom aproveitar a chance, porque futebol de novo talvez só daqui a um mês. Ué, mas não tinha voltado? Voltou mais rápido do q