No inÃcio da pandemia de coronavÃrus, dentre tantas previsões que tentavam projetar os efeitos da doença no Brasil, uma delas já era certa: a Covid-19 escancararia o peso de convivermos tão naturalmente com a desigualdade.
Foi exatamente o que aconteceu no paÃs, que já registrou 80 mil mortos, com taxa de mortalidade bem maior para negros e pobres. Talvez isso explique por que estamos aceitando tão facilmente a média de mil mortes diárias nesse que virou o ânovo normalâ no Brasil.
Assim como a pandemia escancarou essa desigualdade na sociedade, ela também jogou luz para uma situação que sempre âaceitamosâ naturalmente: a desigualdade de gênero no esporte. A começar pelo que acontece na WNBA e na NBA, as ligas de basquete feminino e masculino dos EUA.
Ambas foram se resguardar na Flórida, numa âbolhaâ onde serão realizados os jogos limitando o contato aos times participantes. A âbolhaâ dos homens tem alimentação personalizada, quartos luxuosos, diversas opções de lazer e toda forma de cuidados, enquanto a das mulheres tinha refeições de péssima qualidade, quartos e várias áreas compartilhadas e uma estrutura bem inferior.
Além disso, a liga negou o pedido médico de Elena Delle Donne, a MVP da última temporada, para que fosse liberada dos jogos. Ela tem doença de Lyme e pertence ao grupo de risco nessa pandemia. Sem a liberação, poderia perder o salário caso não jogasse. A sorte foi que sua equipe, o Washington Mystics, atual campeão, garantiu os pagamentos para que ela não precise se arriscar. Será que verÃamos algo assim acontecer com um atleta de ponta da NBA, como LeBron James?
No Brasil, no último fim de semana, teve inÃcio a âMissão Europaâ patrocinada pelo COB (Comitê OlÃmpico do Brasil). Uma foto muito simbólica foi divulgada pela CBDA (Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos). Nela, a delegação pronta para a viagem contava com 14 atletas da natação masculina e apenas uma da natação feminina.
A explicação? As mulheres não atingiram os Ãndices estipulados em 2019. Mas