A peste continua. Enquanto não houver imunidade natural coletiva ou uma eficiente vacina, não haverá solução. Segundo alguns especialistas, o vÃrus chegou no inÃcio de fevereiro, de avião, por Rio de Janeiro, São Paulo e Fortaleza. O Carnaval teria disseminado a doença.
Ao falar da peste, lembro de Freud e de Carl Jung. Os dois, quando eram amigos, no inÃcio do século 20, no fervor da psicanálise na Europa, foram convidados pelas universidades americanas a dar palestras nos Estados Unidos sobre o novo conhecimento. Durante a viagem de navio, Freud teria dito a Jung: âVamos levar a peste aos americanosâ.
Freud diria aos pragmáticos americanos o que eles não gostariam de escutar, que existe, nas profundezas da alma, um outro mundo, inconsciente, repleto de contradições, pecados, desejos e sonhos, que influenciam a vida consciente. Os americanos, na média, diferentemente dos europeus e sul-americanos, nunca se entusiasmaram e incorporaram a psicanálise. Os europeus gostam muito mais de Woody Allen que os americanos.
No futebol, a peste chega também de várias maneiras, às vezes opostas, como a tragédia dos 7 a 1, ou, indiretamente, com o belo time do Flamengo. Ao brilhar intensamente, o Flamengo evidenciou a enorme fragilidade dos adversários.
Mesmo assim, pouco tem mudado no futebol brasileiro. Os treinadores estão mais preocupados com as crÃticas, com as quais não concordam, do que em evoluir e reinventar a maneira de jogar. Precisamos aprender com as pestes que assolam a nação e o futebol.
Os 7 a 1 e a exuberância do Flamengo atestaram o atraso do jogo coletivo do futebol brasileiro, os enormes espaços entre os setores, a pouquÃssima recuperação da bola perto do outro gol, a pouca aproximação dos atletas, para trocarem passes e terem o domÃnio do jogo e da bola, e o excesso de bolas longas e aéreas.
As enormes dificuldades dos times grandes para vencerem os pequenos nos estaduais, especialmente os de São P