Nos treinos de wrestling, judô ou jiu-jítsu, Aline Silva, 33, sempre se incomodou por ser minoria. Pelo menos 90% dos colegas eram homens. “Se você perguntar para outras mulheres que praticam luta, elas vão dizer a mesma coisa”, afirma.

Principal nome do wrestling brasileiro e com vaga garantida na Olimpíada de Tóquio, prevista para o próximo ano, ela comanda uma ação para aumentar o número de mulheres no esporte.

Em 2018, Aline criou o Me Empodera, projeto social no bairro Jardim Nova República, conhecido como Bolsão 8, em Cubatão, na Baixada Santista.

Ela não tem um número fechado, mas calcula que cerca de 150 meninas de 8 a 15 anos passaram pelo programa, que oferece aulas de wrestling e inglês. Com as turmas de garotas consolidadas, foram abertas vagas também para meninos, em horários diferentes.

“As aulas são separadas para garantir espaços em que, psicologicamente e emocionalmente, as meninas possam treinar um esporte em que a sociedade ainda desencoraja sua participação”, diz Aline.

Por trás da iniciativa está o desejo de que o wrestling possa ser para as garotas o que o judô foi para ela quando criança: a ferramenta que mudou sua vida.

A atleta foi internada em coma alcoólico quanto tinha 11 anos. Sua mãe, Lidia, que passava o dia inteiro fora de casa por causa do trabalho, ficou alarmada.

Tirou a filha da escola que frequentava e a colocou em outra, onde ela fez novos amigos e passou a ter outras influências. Foi quando descobriu o judô. Aline reconhece que o esporte alterou seu comportamento e lhe deu disciplina.

Anos depois, quando já era atleta do Centro Olímpico, em São Paulo, atendeu ao pedido do técnico para participar de uma competição de wrestling porque, segundo ele, seria parecido com o judô.

Depois de competir no Madison Square Garden, em Nova York, aos 17, e perceber que a luta tinha relevância internacional, apostou no esporte. Três anos depois, foi medalhista de prata no Mundial júnior. Obteve a mesma colocação no Mundial adulto de 2014, na categoria até 75 kg. Disputou a Olimpíada do Rio, em 2016, e perdeu nas quartas de final.

Em 2017, durante um intercâmbio nos Estados Unidos, teve a ideia e foi incentivada a criar o Me Empodera.

“O projeto é para poder equilibrar, desconstruir as mentes machistas e mostrar que as meninas podem, sim, ser o que elas quiserem. O problema é a sociedade achar que esportes de lutas são para homens”,

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