A decisão da Rede Globo de cancelar o contrato para transmissão do Estadual do Rio pode ser o inÃcio do fim, ou o começo de uma nova era em que não existam mais os estaduais.
Na prática, foi o Boavista quem descumpriu o que assinou, ao permitir a transmissão de sua partida pela FlaTV. Pelo acordo com a Globo, o Boavista não poderia permitir a transmissão de seus jogos, como mandante ou visitante, por qualquer outra mÃdia.
Pode alegar que a Medida Provisória 984, assinada pelo presidente Jair Bolsonaro, cortou as suas pernas e deu respaldo ao Flamengo, por ser o mandante. Mas o Boavista nem sequer se manifestou, como se não fosse parte do problema.
O momento atual é decisivo e pode ter impacto enorme no futuro. No último domingo (28), a boa audiência do jogo Fluminense x Volta Redonda registrou Ãndices parecidos com o de espectadores de Espanyol x Real Madrid, ambos na TV fechada.
Há inúmeras razões para isso: Vinicius Junior joga no Real; a bagunça generalizada do estadual, reiniciado em meio às discussões sobre o número de mortos pela Covid-19; as ameaças de W.O.; a guerra da federação com Botafogo e Fluminense. Todos esses foram ingredientes para tornar mais interessante assistir ao Real Madrid do que ao Fluminense.
Não é por outra razão que, há duas décadas, vê-se tantos adolescentes torcedores de times da Europa.
A decisão da Globo de não transmitir o estadual do Rio tornará mais evidente que o Brasil já vive sem os estaduais. Muita gente ainda quer ver Palmeiras x Corinthians, pelo Paulista, mas ninguém tem obrigação de comprar junto um Jacuipense x Bahia. Só que isso tem impacto econômico no futebol brasileiro.
Há décadas, discutimos os estaduais de um ponto de vista equivocado. O calendário precisa dar dez meses de atividade aos times pequenos, sem escravizar os grandes. A única maneira de fazer isso é viabilizar os jogos no interior do Brasil por meio de empresas de cada região. Não é fácil, ainda mais após quatro décadas de clubes viciados no dinheiro da TV.
Corinthians, Palme