A imagem já está eternizada na memória do torcedor brasileiro: Roberto Baggio cobra o pênalti por cima e a abaixa a cabeça, o massagista Nocaute Jack invade o gramado com uma cambalhota e Galvão Bueno é abraçado por Pelé e Arnaldo César Coelho enquanto grita, emocionado, “Acabou! Acabou! Acabou! É tetra! É tetra! É tetra!”.

Qualquer conjectura a respeito do que poderia ter sido aquela ou qualquer outra final de Copa do Mundo se determinadas ações seguissem outros caminhos faz parte do terreno da imaginação.

Mas é claro, para o vencedor é fácil aceitar o curso da narrativa tal qual ela aconteceu. E se, para os italianos, as coisas realmente pudessem ter sido diferentes na disputa por pênaltis contra o Brasil na decisão do Mundial de 1994, jogo que a Globo reprisa neste domingo (26), às 16h.

Em sua autobiografia, lançada em 2015, o técnico vice-campeão do mundo Arrigo Sacchi sugere que a ordem das cobranças não seguiu exatamente a sequência que ele tinha imaginado. Sua ideia, ao que tudo indica, era que Baggio, responsável pela quinta penalidade, abrisse a contagem.

“Baggio não se sentiu com ânimo de ser o primeiro. Perguntei aos demais quem queria bater. Todos saíram de cena. Ninguém queria assumir a responsabilidade”, diz Sacchi, no depoimento ao jornalista Guido Conti para o livro “Calcio totale” (Futebol total, em italiano).

“Baresi foi o primeiro, errou, chutou alto. Evani, um especialista, marcou o gol. O disparo de Massaro foi parado por Taffarel. Não obstante, todos recordam o último pênalti de Roberto Baggio, que lançou a bola por cima do travessão.”

A Itália teve uma campanha irregular na Copa do Mundo dos Estados Unidos, em 1994.

Na fase de grupos, perdeu para a Irlanda na estreia, venceu a Noruega e empatou com o México. Com 4 pontos, se classificou para o mata-mata como uma das melhores terceiras colocadas.

Contra a Nigéria, nas oitavas de final, perdia com um jogador a menos até os 43 minutos do segundo tempo, quando Roberto Baggio chutou cruzado para empatar.

“Faltando um quarto de hora para terminar [o jogo], Baggio havia se queixado de dores no joelho. Já tínhamos feito todas as substituições, Mussi estava um pouco lesionado e a equipe, com um expulso, estava em situação bastante complicada. E Baggio pedia para sair. Na verdade, ele queria sair. Mas, depois que marcou o gol, se esqueceu também da dor”, conta Sacchi.

Na prorrogação, um pênalti convertido pelo camisa 10, cuja batida chegou a beliscar a trave direita do goleiro Peter Rufai, deu aos italianos a classificação.

Com novas vitórias por 2 a 1 nas quartas, contra a Espanha, e na semifinal, diante da Bulgária, a Itália voltou a uma decisão de Mundial depois de 12 anos. A última vez havia sido quando se sagrou campeã na Espanha, em 1982.

  • Relembre especial de 25 anos do tetra, publicado em 2019

Arrigo Sa

 » Read More

Login

Welcome to WriteUpCafe Community

Join our community to engage with fellow bloggers and increase the visibility of your blog.
Join WriteUpCafe