Um estádio é muito mais do que uma obra gigantesca feita de concreto armado. Entre suas paredes, vestiários e gramado ficam guardadas as memórias que eternizam fatos esportivos.
Essa é uma vivência não apenas dos atletas que competem, mas também do público, que das arquibancadas participa ativamente das glórias e das derrotas. Na condição de um objeto cultural, o estádio tem uma biografia. Por isso, quando ocorre uma reforma, ou no limite, a sua demolição, a sociedade vive o luto de uma perda irreparável.
A professora Kim Schimmel propõe uma tanatologia dos estádios esportivos, diante da facilidade com que são postos abaixo esses gigantes de concreto na atualidade. Para ela, o estádio é sÃmbolo do status urbano global, ponto focal para a identidade coletiva local e serve como afirmação do sucesso da regeneração urbana.
O Maracanã é isso. Nascido para ser do futebol em 1950, tornou-se olÃmpico em 2016. Mas, como obra sessentona, já não cabia mais nos trajes de gala exigidos pelas cerimonias do século 21. Considerado obsoleto para abrigar a Copa de 2014, precisou de intervenções arquitetônicas e de engenharia. Poderia ter sido apenas uma âreforminhaâ, se não tivesse arrasado com o templo sagrado do atletismo, seu primo olÃmpico Célio de Barros, que se encontrava logo ali ao lado, transformado em estacionamento de autoridades.
Do Maracanã olÃmpico não resta a memória de competições fora do futebol. Em suas reformas não foram contempladas as instalações para tal fim. De fa