Cerca de 120 agentes de futebol se encontrarão nesta quinta-feira (13) no estádio Letzigrund, do Zurique FC, na SuÃça, para debater a possibilidade de entrar no Tribunal de Justiça da União Europeia contra a Fifa.
A entidade que comanda o futebol internacional decidiu regulamentar a relação da categoria com os clubes para, de acordo com ela, aumentar a transparência das negociações.
âA Fifa tomou decisões que, se colocadas em prática, vão tirar do mercado mais da metade dos agentes, e não chamou nenhuma entidade que nos representa para discutir o assuntoâ, reclama Mike Miller, presidente da AFA (sigla em inglês para Associação de Agentes de Futebol).
Em outubro do ano passado, foi aprovada a proposta da Fifa de impor limite à remuneração de intermediários nas transferências de jogadores a partir da próxima temporada europeia, no meio deste ano.
De acordo com as novas regras, quem representar o atleta poderá embolsar até 3% do salário bruto anual do seu cliente. Se estiver ao lado do clube comprador, 6% da transação. Caso trabalhe em nome do vendedor, 10%.
Mais importante do que isso, a Fifa quer proibir que o mesmo empresário represente duas ou mais partes do mesmo negócio, o que é a mina de ouro para alguns dos principais nomes do mercado.
No momento, não existe qualquer limitação. O mesmo agente pode representar ao mesmo tempo o clube comprador, vendedor e o atleta envolvido na transação. Também não há limite em quanto pode embolsar.
Foi assim que o italiano Mino Raiola, em 2016, ficou com US$ 52 milhões (cerca de R$ 220 milhões em valores atuais) dos US$ 112 milhões (R$ 473 milhões) pagos pelo Manchester United (ING) para tirar Paul Pogba da Juventus (ITA). Ele representou as três pontas do negócio e foi remunerado por elas.
De 2013 a 2019, relatório elaborado pela Fifa aponta que os clubes ao redor do mundo pagaram US$ 2,79 bilhões (R$ 11,8 bilhões) de comissões a agentes. No documento referente ao ano passado, o valor foi recorde: US$ 653,9 milhões (R$ 2,7 bilhões), e 80% saÃram de Inglaterra, Itália, Alemanha, Portugal e França.
âHá uma associação [de agentes] europeia e uma inglesa. As ideias são as mesmas, mas o modus operandi é diferente. Uma é mais agressiva, outra mais consultivaâ, diz o advogado brasileiro Marcos Motta, especializado em direito desportivo e integrante da diretoria da EFAA (sigla em inglês para Associação Europeia de Agentes de Futebol).
A parte mais agressiva, representada pelos agentes ingleses, quer entrar com uma ação na corte europeia.
Foi o que fez o jogador belga Jean-Marc Bosman em 1990, quando o RFC Liège segurou seu vÃnculo mesmo depois de terminado o contrato, reduziu o salário do atleta e pediu indenização para liberá-lo ao Dunquerque, da se